sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O poder da moda na sociedade


O poder da moda na sociedade *


Ao estudarmos a relação do homem com a natureza e seus semelhantes, através dos tempos, os homens criaram as sociedades e suas formas políticas, representadas através da cultura das aparências.



Atualmente a história das aparências é uma linha de estudos de moda de grande importância para o conhecimento das ciências humanas, logo da história das sociedades, pois o que se observa, serve para demonstrar a relação do indivíduo com sua cultura, num determinado tempo e lugar. A moda guarda a memória de cada tempo, como demonstração da arte de viver de um período ou de uma sociedade, quando não, as duas coisas ao mesmo tempo.



No mundo a moda surge com o intuito de proporcionar ao individuo diversas sensações e formas de se socializar, assim como outras peculiaridades que envolvem o “universo” da moda.
Advindo do latim, modus, cujo significado é modo. Segundo Palomino (2002) a moda é um sistema que integra o simples uso das roupas do dia-a-dia a um contexto maior, político, social e cultural.

Ao papel social atribuído à moda vinculamos inúmeros códigos, dentre eles os valores e identidades específicas de cada grupo social, ou seja, cada grupo difere-se através de suas principais características mais marcantes.


Sabemos, ao falarmos sobre vestuário, que ele desempenha um papel importante na construção da identidade de uma sociedade. A sua escolha determina uma forma de cultura para seu uso próprio, forma essa que inclui normas sobre a aparência e da qual é a apropriada a seu tempo, bem como sua variedade. Considerada como marca de status social e de gênero, o vestuário constitui uma indicação de como as pessoas, em determinadas épocas viam e se destacavam. O vestuário considerado como a um “artefato” podia gerar comportamentos, como até suprimi-los. Cheios de significados podem influenciar, impressionar ou até mesmo seduzir. Mais ainda, as vestimentas podem revelar o perfil ou até mesmo a personalidade do individuo.



Com o passar dos séculos as modificações no vestuário e nos discursos acerca dele vão se construindo e se modificando muito rapidamente. Formas mudaram, linhas variavam, comprimentos subiram e desceram, surgiram tecidos elaborados e simples, enfim diversas variações foram sendo registradas. Cada discurso é sustentado por grupos sociais específicos. Enquanto os discursos que expressam normas e valores culturais dominantes são apoiados por grupos mais influentes, os que expressam normas marginais ou subculturais sustentam-se nos grupos marginais.



Como elemento decorativo o ser humano se utilizou de adornos com a intenção de marcar presença, ou até mesmo atenuar uma parte específica do corpo; ornamentar. O uso dos adornos funcionaria como fator de distinção social, além de funcionar como fator de força, identificação, luxo e ostentação. Não podemos esquecer que os adornos eram utilizados também como forma de oferendas para os deuses em troca de proteção e fartura. Todavia a riqueza só pertencia a grupos ou indivíduos de posses ou classes mais abastadas.



Considerando que a história da indumentária e da moda nos permite a melhor compreensão de sua inserção e influencia nos contextos sócio-culturais ao longo da história, podemos identificar a moda como mediadora das relações do homem com a sociedade, expressada na roupa que ele veste e interpretada como mercadoria, identidade e comportamento.


Não podemos esquecer que o juízo estético hierarquiza, em uma sociedade, diversos trajes e peças que as compõem. A estética está estreitamente associada ao prestígio social, à riqueza e aos divertimentos coletivos: os trajes mais belos são, na maior parte das vezes, os mais caros, como os de festa, por exemplo.


Aperceber-se-á que podemos ainda se utilizar do vestuário para infinitos propósitos. Como um eficaz símbolo de posição social, o vestuário pode ser usado de acordo com a situação da onde se encontra o individuo. Podemos utilizar o vestuário não apenas para conquistar o amor de alguém, mas também conquistar um posto de trabalho, para aquecer-se, ou até para fazê-lo digno de crédito junto de seus dependentes ou superiores, na eliminação de rivais e concorrentes. Isso mostra que a roupa além de ter o poder de distinguir a classe social de um individuo, ele pode vir a ser um jogo de interesses.


* Feira das Vaidades: Uma história das aparências. Trechos de monografia de minha autoria.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Belo Blog. Passei para deixar um abraço e um pequeno apontamento de leitura.Roland Barthes e o sistema da Moda mas também O Império do Efémero de Gilles Lipovetsky. Abraços e tudo de bom para si.JL

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